O outono está quase no fim e imagino a paisagem mudando através da minha nova janela. Já que o tempo começou a esquentar, mudei para o quarto mais arejado e amplo, porém com vista para os fundos da casa de onde só vejo os pastos ao longe.
As árvores frondosas e o jardim ficam na parte da frente, emoldurando a beleza desta antiga casa. Eu gostaria de caminhar lá fora e ver as primeiras flores surgindo. Mas essa altura o que me restou foi esperar e por estas paredes imaginar todos os tons de dourado e marrom sendo lentamente trocados pelo frescor de cores que a estação traz.
Pelo menos até que você venha, tudo que posso é imaginar.
Em um dia como esse, onde as nuvens escondem o sol e o vento ameniza o calor,
Eu teria o prazer de me deitar na grama, no meio da tarde, debaixo de uma mangueira
com aquele que eu achava ser o grande amor da minha vida.
E juntos olhariamos o céu, fazendo das nuvens sonhos, planos, futuros.
Mas nada do que eu pudesse imaginar se compara com você.
Como um Rei conquistando um reino há muito tempo prometido. Apesar das guerras e das perdas no caminho, as cicatrizes me lembram do que conquistei. Ainda que a minha respiração esteja ofegante e meus movimentos limitados. Não importa se passo as noites em claro, e os dias ansiando pelo anoitecer. O desejo de te ver e te ter aqui comigo supera qualquer dificuldade.
Há oito meses atrás eu tinha a convicção de que não me faltava nada, que eu era absolutamente feliz e que eu sabia exatamente o que significava amar.
Oito meses.
São oito meses desde que soubemos que você estava a caminho.
São oito meses esperando você chegar.
Há exatos oito meses a minha vida mudou e mesmo com todos os riscos e todas as coisas que podem dar errado, eu irei até o fim para te ter em meus braços e para te dar a vida.